Warmillon Fonseca, de Pirapora, responsabiliza "crise mundial" pela medida
Ezequiel Fagundes - Do Hoje em Dia - 17/08/2011
Uma rixa política em Pirapora, no Norte de Minas, levou o prefeito da cidade a mexer no próprio bolso. Sem avisar, Warmillon Fonseca Braga (DEM) baixou um decreto no início deste mês determinando a suspensão do pagamento do seu salário e da vice-prefeita, Djuliane Dias Vieira (PSB).
Com o argumento que precisa economizar dinheiro público em função da "grave crise mundial", o decreto vai vigorar nos próximos 90 dias com previsão de retorno dos pagamentos somente em dezembro.
Empresário de vários segmentos e dono de um patrimônio declarado de R$ 31 milhões, Warmillon Fonseca ganha quase R$ 20 mil mensais, enquanto a dentista Djuliane Dias recebe a metade.
"Não tive tempo hábil para avisar a vice prefeita. Tive que tomar essa atitude para ajustar as finanças como manda a Lei de Responsabilidade Fiscal. Não tive como comunicar a todos", explicou, ontem, o prefeito democrata.
Reeleitos na última campanha eleitoral, Warmillon e Djuliane viraram inimigos políticos daqueles que nem se cumprimentam. O motivo do rompimento, segundo a vice, é a sucessão de 2012. Já o prefeito nega.
Com o bolso vazio, a vice declarou ontem que vai entrar com um mandado de segurança na Justiça para tentar reverter os efeitos do decreto do prefeito e desafeto político.
"Não estava esperando por isso. Para ele que é empresário e tem outras fontes de renda é fácil, mas no meu caso é complicado. Vou entrar na Justiça", atacou a vice.
Conhecido nacionalmente como um prefeito nômade, o democrata governou Lagoas dos Patos de 1997 a 2004. Logo em seguida, mudou o domicílio eleitoral para Pirapora quando conquistou a prefeitura da cidade por dois mandatos seguidos (2005/2012).
"Me sinto realizado por ter conseguido ser prefeito 16 anos seguidos", se gaba.
Como não pode se reeleger outra vez em Pirapora, Warmillon decidiu apoiar outro candidato, contrariando os interesses de Djuliane, que já se colocou como pré-candidata.
"Depois que rompemos politicamente, ele começou a me perseguir. Estou bem nas pesquisas, mas ele (prefeito) virou as costas e não quer me apoiar", reclamou a vice.
De acordo com Djuliane, o prefeito vai apoiar a candidatura do atual secretário de Finanças, Léo Silveira (PSB), braço direito do democrata.
"O pleito eleitoral nem começou. Portanto, a questão que estamos discutindo não tem haver com eleição. O momento é para todos se sacrificarem um pouco", desconversou o prefeito.
Além de perder o salário, Djuliane reclamou que o prefeito tomou outras medidas para enfraquecê-la politicamente. Ela conta que seu marido e um tio, lotados em cargos estratégicos da prefeitura, perderam os cargos depois que virou desafeta do prefeito.
A vice alega que até a sua assessora pessoal foi exonerada depois que as desavenças políticas vieram à tona.
"Não tenho carro oficial, não tenho celular, não posso viajar pela prefeitura, não tenho assessor de imprensa. Não tenho direito a nada. Ele (prefeito) me cortou tudo tentando me matar politicamente", reclamou, emendando ter seis meses que não troca uma palavra com o prefeito.
"Isso é uma ignorância do tamanho do mundo. A gente se fala quando a vice-prefeita vai à prefeitura", contra-atacou.
Warmillon argumentou ainda que o decreto prevê outros cortes nos gastos com folha de pessoal e com fornecedores. As desavenças com a sua vice, porém, são os menores problemas do prefeito. Em sua meteórica carreira política, o democrata viu seu patrimônio pular de R$ 5,1 milhões, em 1996, para R$ 31,4 milhões, em 2008.
O Ministério Público Estadual investiga a progressão do patrimônio.