Oi pessoal ,
Adorei esta matéria publicada no Jornal Estado de Minas, quero compartilha-la com vocês.
Multiplique essa idéia.
Juntas seremos muito mais!!!
Boa leitura!
Com carinho,
Dju Vieira
"Tipo homem"
Fonte:http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2011/02/20/interna_politica,210943/mulheres-comandam-cidades-do-sertao-mineiro-imortalizadas-por-guimaraes-rosa.shtml
Adorei esta matéria publicada no Jornal Estado de Minas, quero compartilha-la com vocês.
Multiplique essa idéia.
Juntas seremos muito mais!!!
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Com carinho,
Dju Vieira
“Não tem mais jeito. ‘Rosacearam’ o sertão de Minas”. O diagnóstico é de Antônio José Maria, de 67 anos, morador da pacata Joaquim Felício, diante de uma realidade que desafia a tradição e as imagens de sua terra. Conhecida como lugar de homens bravos, histórias de pistolagem e natureza ocre, ressequida pelo sol, a região imortalizada nos livros de Guimarães Rosa assiste a um colorir de suas paisagens. Ali e em mais sete cidades do sertão mineiro, que envolve a Região Norte do estado e parte da Central, quem manda são elas. Ao longo dos mandatos, deixam de lado o título masculinizado de “damas de ferro” e escancaram a feminilidade no poder.
Em terras marcadas por encarniçadas disputas políticas entre homens de arma na cintura, nas últimas eleições municipais as mulheres conseguiram dobrar sua presença no sertão mineiro. Enquanto tomaram posse em quatro prefeituras em 2005, assumiram oito em 2009 (veja mapa). Pioneiras, as prefeitas se reuniram no início do mandato para criar estratégias de ampliação do espaço feminino. Apesar do incentivo a outras mulheres, elas destacam que a escolha pela carreira política não é fácil. Maria das Dores Duarte (PMDB), prefeita de Claro dos Poções, na Região Norte, lembra que custou a se livrar do estereótipo de “mulher mandada”.
Poder de desafiar e decidir mostrou a prefeita Eliana Colen (PMDB), de Joaquim Felício, na Região Central. Lá, até mesmo os adversários não podem negar que a chegada de uma mulher ao comando deu um colorido especial ao município. Lá, administração pública virou sinônimo da cor rosa: prefeitura, conselho tutelar, ônibus escolar, escolas e até o estádio de futebol, tradicional reduto masculino, foram pintados de todas as tonalidades possíveis do rosa. A cor preferida da prefeita – e da maioria das mulheres – se tornou uma marca da cidade, mas, como se pode esperar, não é consenso entre os moradores.
“A gente acabou se acostumando. Preferia que fosse de outra cor. Mas o que se há de fazer? Cada um tem o seu gosto e elas chegaram ao poder. É a vez delas de escolher”, diz o aposentado Antônio, que passa os dias a papear na principal praça da cidade, em frente à prefeitura, e se lembra dos tempos em que era inimaginável ver uma mulher na prefeitura. “Nessas terras, política era coisa de homem. Tudo era decidido na base dos dois canos grossos de uma arma. Os tempos mudaram, mas ainda é ousadia pintar uma cidade inteira de rosa.”
Gostando ou não da cor, a cidade de cerca de 4 mil habitantes mostrou nas urnas que aprovou a prefeita e aceitou o rosa. Eleita em 2004, ela foi reeleita em 2008. “Comecei a adotar o rosa em 2005. Precisava pintar os patrimônios da prefeitura e, como gostava da cor, a escolhi”, comenta. Apesar de não usar o argumento como justificativa para a escolha, admite que a cor marcou a presença feminina na administração municipal. “E como não? Sou a primeira mulher prefeita da cidade”, diz. Mas há até companheiras do mesmo sexo que questionam a escolha da cor.
“Acho que é bem humilhante para os homens. Veja só: eles jogam bola em estádio e centro esportivo pintados de rosa. Tenha dó. É o espaço deles, ora”, afirma a dona de casa Simone Lisboa, de 38, ao lado do filho Arthur, de 5, que já nasceu na era da cidade colorida e, ao contrário da mãe, aprova a cor. Da seleção dos jogadores veteranos, o jardineiro Clair Nunes da Costa, de 53, não se importa em jogar no estádio rosa. “É o gosto da prefeita, depois vem outro e muda a cor. Homem que é homem quer saber é se o gramado está bom. Vai ficar se importando com o rosa? Não interfere na hora de jogar futebol”, diz.
Já pré-candidatos a prefeito prometem acabar com a onda rosa. “Viramos motivo de chacota na região. São aquelas piadinhas de cunho sexual ou nos chamam de cidade da Penélope Charmosa (personagem de desenho animado que só se veste de rosa)”, comenta Celinho (DEM), que disputará a prefeitura no ano que vem. A vendedora Macilene Alves, de 22, lamentará a mudança. “Não elegemos a Dilma Rousseff (PT)? A gente tem direito de marcar nosso território, uai”, afirma.
"Tipo homem"
Numa terra sem histórico de mulheres no poder, ainda há uma certa dificuldade para assimilar uma administração feminina. “Ela é uma mulher tipo homem”, diz o vereador Gerson Pereira (PSDB), justificando que “ela pega no volante e sai pela cidade”. A prefeita explica que gosta de fiscalizar os serviços públicos e obras de perto. “Tem funcionário muito acomodado. Eu peço mesmo: ‘Me socorre porque eu preciso entregar essa obra antes do fim do meu mandato”, comenta. Ela criou o Projeto Casa Nova e entregou 31 imóveis para a população carente. Até o fim do ano, deve entregar pelo menos mais nove residências.
Eliana foi diretora da escola estadual do município por três mandatos, antes de ser prefeita. “O colégio tem um envolvimento muito grande com a comunidade e, por isso, em períodos de dificuldade, sempre recorriam a mim”, conta. Nos últimos cinco meses de mandato do prefeito que a antecedeu, Joaquim Felício passou por momentos difíceis. “Ele ficou cinco meses sem pagar o salário do funcionalismo público, que praticamente sustenta a nossa cidade. Houve uma época que nem as vendas conseguiam comprar estoque para gente pegar fiado”, lembra o jardineiro Sebastião Rodrigues, de 61.
“Minha aprovação é explicada assim. Consegui colocar o pagamento em dia. A cidade estava caótica”, diz Eliana. Depois de deixar o cargo, ela tem como plano único a vontade de descansar. “Deixei minha casa abandonada nesse período”, comenta, destacando que não deve voltar para a política. Na administração pública, um dos últimos desejos é construir um teleférico ligando o mirante do município a uma cachoeira. A cor do apetrecho turístico? Rosa, é claro.
Fonte:http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2011/02/20/interna_politica,210943/mulheres-comandam-cidades-do-sertao-mineiro-imortalizadas-por-guimaraes-rosa.shtml
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